e o sol
vos
atravessa
nuvem
virgem
de signos
feito força feita
de luz
impetuosa
vai
violência
viva
de estar
lúcido
e sentir
sinos
nuances
e sons de sorrir
de ver
ouvir
e mentir
vai violência
muda
ou escandalosa
és a mesma
com geometria
sem geometria
tácita
nos olhos e línguas
da salamandra
a aurora vai
vem a pino ela, escorchante
chega a noite
e a luz
atravessa
medievalesca
e o corte
esquarteja
antiguissimamante
luz
sim
leiser
prazer
vupt!
prazer
que parte
a nuvem
poderosa
divide
a massa
gélida
fura a terra
aterra a terra
e escaneia
flecha
dor
alheia
ou flor
que se esvai
em partículas
ao vento
flecha-espada-faca
de luz
fura
estropiando
em silêncio
germina vai faz
essa primeira vez
fecunda
faz que se dilua
sem gemido
essa vez mesma
à esmo que sue
e se desfaça
em líquido
que não é segredo
e quedará guardada
em nosso rosto molhado
resumo
desse momento
assombroso
e suspensa
imprimirá já
saudade
diluída no ar
da primeira vez
para sempre
és memória
esquecimento
mas ganhas um nome
viesses do nada
voltarás
jamais
ganhasses uma forma
perdesses
pudera
teu momento
o eu era
viera
era nuvem
não és mais
pois é da natureza
agora imagem
canção
essa, suspeita
que mal seja
ser defeito
de nascença
também
feito tua origem
nuvem virgem
Um comentário:
Delicioso esse poema. Me causa uma impressão de afunilamento com o objetivo furar, transpor o alvo como de uma queda livre. Wedson
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