quinta-feira, 29 de junho de 2017
quarta-feira, 13 de julho de 2016
quebragalhou-se
[oh! Papagaio
omitisse tímido
[papagaio tonto
caísse
torto e torturado
[papagaiou-se engasgado
do galho da covardia
[vê-se o dia (nestes)
nervos em riste
[papagaio triste
preso em tua melhor fantasia
'chão arado
[pronto pra semente'
mas o pau-de-arara do amor
[papagaiou teu
fim do dia
sexta-feira, 24 de julho de 2015
quinta-feira, 23 de julho de 2015
creme de afeto
mistério palavra
coça a boca
troça
critério salada
de saliva em
sopa
sabor pasto
futuro, senão
viscoso
imagem linha
é um feixe de
aranha-lenha
olho d'água seiva
selva de bricolagem ou
bricabraque de caratujas
pulso trama
feição rosa
creme de afeto
sanguenolento beijo
bicho-mordida
porreta ampulheta
pomada treta
poema-creme
de passar
na teta
segunda-feira, 21 de julho de 2014
ritual satírico
tudo que fiz
embaraço
tudo que dei
tem que cobrar
tudo que li
foi, foi por acaso
o que criei
se te amo
desconfiaço
se é que sobrou
tem que achar
se é índole
malefício
se é vício
certifica
se há alguma voragem
e coragem há
é só eu minha bagagem
sonhar
sábado, 24 de janeiro de 2009
Metálica - conto
I
Tinha ainda por mim um salgado tal de areia de praia na bocaentridentes.um som incômodo do mesmo modo doloso.e todas as cores cinzas então que pudesse pintar .as irritações crescentemente num impulso de não se conter por si.e as paredes das ruas de são Paulo fechando-se em constrição.sanfonas agônicas.e por que resolvi por as sanfonas no meio.pois sanfonas são coisas boas.e elas vinham só numa vinda de concreto e sorrisos gelados.e olhares esquivos e palavras vazias propositadamente.querendo me agredir e já agredindo.ainda que me creditem a dureza dessas paredes que agora me acocham.e quase que inevitavelmente se ia sendo jogado feito bola de papel que ia se transformando nos créditos negativos de uma tal poupança do mal. não era brincadeira.mas a coisa estava se tornando em um lamento sertanejo de metal.numa tal fiação fictícia cientifica que era pra dar medo pelo próprio emaranhado da trama que ia se forjando. e eu, imbecil e valente, ia dando corda, metálica tanto quanto e do mesmo modo.
II
Por fim me dei por algumas migalhas de oxigênio. e com a convicção de que nossa capacidade de adaptação não tem tamanho. é assombroso. por outro lado, observando H manuseando um equipamento altamente sofisticado de tecnologia percebo que ele não faz a mínima idéia de que aquilo poderia servir para mudar sua realidade e o meio onde vive.no entanto, H está como que fisgado numa rede invisível e anestésica que o mantém preso as necessidades imediatas.mas H acha que sou seu inimigo. e de alguma forma alimenta um certo medo em si com minha proximidade. de alguma forma, acho, que é uma defesa estrutural.mas me tem como prisioneiro. E não sei por que motivo não o enfrento com alguma violência. prisioneiro de sua própria ignorância. De alguma forma me adaptei a sua vigilância. afinal tenho a firme convicção que jamais o mudarei e muito menos o que pensa a meu respeito.existe uma diferença aberrante entre nos dois: minha agilidade de movimento é estonteante, admito. E meu discurso muitas vezes é de uma agressividade explícita. e ele é estático e mudo. com uns olhos tais que procura dissimular qualquer sentimento ou opinião. Enquanto que a cada passo que dou faço questão de dizer o que penso.como uma provocação. provoco. como recurso de defesa e ataque. ele me provoca exatamente fazendo o contrario.nós somos inimigos mortais. tácitas batalhas invisíveis e silenciosas como nos tabuleiros de xadrez. somos os passos de bichos antes do bote. inimigos e necessidades que muitas vezes desconhecemos para que serve. esqueço por instantes a atenção de H. enquanto que aqui perto estruturas metálicas rangem em sua freqüência agônica que lembra o medo. sob rajadas de vento e calor. Se unem em cada viga, viga a viga. como dando-se as mãos numa irmandade de poder e forca. sua freqüência me é peculiar apesar de crer que qualquer um as poderia ouvir se assim o quisessem. aceito sua existência e sua presença. internamente parecem bem seguras. e é bem verdade que ao que diga respeito aos sons, eles ainda que estranhos e dissonantes, possuem um dom tal devido a sua repetição para uma tal acomodação. E é através deles que vem a música do aconchego harmônico da modernidade e do sonambulismo. voltei a pensar em H.tenho por mim que ele teria colaborado com qualquer sistema do tipo nazi-facista ou coisa pior sem o mínimo constrangimento. como um servo fiel. “se eu não faço outro faz”. somos inimigos mortais.
III
andando pelos subúrbios e como é nesse troço de viajar assim, no tempo que se vai fazendo alguma coisa ou lendo um livro ou vendo as pessoas e como elas são diferentes e de como parecem que estão por ai jogadas no mundo e que de um modo geral não pensam no mundo e no seu porquê, talvez isso não tenha importância mas é o caso que o modo como sou, parecer tão destoante as vezes me enche, enche também sempre de uma certa responsabilidade e sinto que vai aumentando com a idade pois antes era mais irresponsável e conseguia me distrair mais e me abstrair mais desses encargos e desse fluxo de pensamento e parece constante mas que as vezes me parece se repetir como um relógio em um tempo cíclico, entretanto em intervalos perdidos em momentos deja vu de mim mesmo e de sentimentos recorrentes então de que modo isso é tão redondo, é tão circular mas um circular em círculos cônicos que vai galopando em um além da memória de um espírito que parece consciente mas que parece em um constante medo de perder essa memória ou de perder mesmo a memória por que o que seria se não houvesse isso que a gente chama de memória e o quanto a gente tem medo do esquecimento e o quanto seria bom também esquecer mas que essa recorrência é tão vulnerável e o quanto a gente deve a nossa personalidade então não se justifica as vezes acredito que não, esse medo de alguns humanos dos não humanos pois ainda que eles simulem nossa memória a desmemoria seria injustificada visto que eles só se justificariam pelo registro e diferente de nós que somos por que estamos sempre nos construindo a cada momento não pelo que já sabemos, não necessariamente mas pela ausência, será que somos seres negativos como na fotografia e que está com freqüência se revelando pela incidência de certa luz-consciencia ou fato ou situações mas que queima também? não sei, nem tudo da certo e como deviria de dar? parece justificável o erro pois como poderia ser diferente, o certo e o errado parece tão familiar e essa dicotomia parece tão familiar e harmônica e esse medo do erro como medo do esquecimento parece algo já tão sabido antes como se não pudesse ser diferente então como poderia ser? então talvez perca-se no futuro essa vulnerabilidade que é a vida de um modo geral de indivíduos, pois somos esse fluxo que na verdade não é linguagem mas uma pulsação que acaba se traduzindo grosso modo na linguagem e que não é tão natural e que talvez assim como as maquinas jamais se compare a esse fluxo de pulsos e impulsos mas que também se chegasse a ser reproduzido artificialmente seria de grande curiosidade, em seu ser maquímico e invisível, a máquina invisível.
IV
finalmente depois de ter ficado horas no ônibus circular chego, enfim, nas proximidades de Metálica.não é de admirar que poucos vem por essas paragens. o ar é muito denso e o dia tende para a escuridão. Talvez não seja a toa que o povo daqui faça tanta questão em preservar tudo em poucas cores tipo branco ou alumínio.parece compreensível que as cidades próximas sintam os respingos de sua influência e uma coisa ou outra pode-se até mesmo afirmar. é de Metálica. para passar por seus portais é necessário um CD( Chip DNA). ainda que tenha conseguido burlar quanto a minha entrada não é aconselhável arriscar por certos lugares privilegiados pois possuem sistemas de segurança altamente sofisticados.enfim, mas para as minhas necessidades pareciam razoáveis, quais sejam. Encontrar evidencias de um tal ovo da serpente evidentemente muito raro não quanto a sua existência, claro, apenas as evidencias. pois há quem os negue veementemente de uma tal forma e com tal poder de persuasão que é realmente de se acreditar que o diabo não tem chifre. haviam alguns detalhes de Metálica que já conhecia mas pude confirmar in loco. existe uma certa mania dos habitantes dessa cidade de adicionar a palavra “bem” a tudo quanto é coisa. por exemplo, quanto a cor que usam , branco ou metálico, dizem: cor do bem, para um tipo de água que bebem dizem, água do bem, até para o ato sexual dizem a foda do bem, e por ai vai: santo do bem, o intervalo do bem, amigo do bem,a matança do bem, a fome do bem, o patrão do bem,governo do bem, etc. isso tinha um poder sobre mim que era realmente incrível. me dava um enjôo, um embrulho no estomago que a uma das únicas coisas que poderia amenizar era afastar-me na maior velocidade possível e depois tomar uma. era de uma vulnerabilidade para esse aspecto específico que se descobrissem e usassem como tortura me teriam tudo sem resistência.
V
vaguei alguns dias noturnamente e a cidade parecia prender a respiração durante a madrugada. durante a manhã a vida surgia mas a seu modo limpo e linear. Claro e muito branco e de grande polidez contida. parecia um grande teatro harmônico e simbólico. todos falavam a mesma língua, que era quase nada. lembrei de uma professora de historia que dizia diante da classe incontida “ o silencio é a arma do justo, eloquente e equilibrado”. pobre professora, ainda que não lhe atribua tal frase, o silêncio é a carcaça de muita conveniência, condescendência, opressões e injustiças. quanto ao tal ovo da serpente teria que retornar em outra oportunidade. meu CD estava prestes a vencer e poderia ter que pagar um preço desmedido por tal imprudência. de qualquer forma, pistas foram suscitadas e locais e lugares descartados para uma próxima paragem. Ainda que tal cidade não me dê nenhum prazer por outro lado me incita a percepção e me põe atento. muito atento quanto a seus sinais. novas pesquisas teriam que ser feitas e retornar com mais consistência. ótimo.sai o mais furtivo possível numa tarde nebulosa, sim, não poderia encontrar uma palavra mais adequada. E fui deixando para trás os fleumáticos habitantes de Metálica.
domingo, 6 de janeiro de 2008
nuvem virgem
vos
atravessa
nuvem
virgem
de signos
feito força feita
de luz
impetuosa
vai
violência
viva
de estar
lúcido
e sentir
sinos
nuances
e sons de sorrir
de ver
ouvir
e mentir
vai violência
muda
ou escandalosa
és a mesma
com geometria
sem geometria
tácita
nos olhos e línguas
da salamandra
a aurora vai
vem a pino ela, escorchante
chega a noite
e a luz
atravessa
medievalesca
e o corte
esquarteja
antiguissimamante
luz
sim
leiser
prazer
vupt!
prazer
que parte
a nuvem
poderosa
divide
a massa
gélida
fura a terra
aterra a terra
e escaneia
flecha
dor
alheia
ou flor
que se esvai
em partículas
ao vento
flecha-espada-faca
de luz
fura
estropiando
em silêncio
germina vai faz
essa primeira vez
fecunda
faz que se dilua
sem gemido
essa vez mesma
à esmo que sue
e se desfaça
em líquido
que não é segredo
e quedará guardada
em nosso rosto molhado
resumo
desse momento
assombroso
e suspensa
imprimirá já
saudade
diluída no ar
da primeira vez
para sempre
és memória
esquecimento
mas ganhas um nome
viesses do nada
voltarás
jamais
ganhasses uma forma
perdesses
pudera
teu momento
o eu era
viera
era nuvem
não és mais
pois é da natureza
agora imagem
canção
essa, suspeita
que mal seja
ser defeito
de nascença
também
feito tua origem
nuvem virgem
A cidade invisível
casa muro(placa de metal)
I
Eu hesitava.
clara, era a imagem da dúvida que surgia
Uma Cidade se erguia
E...Como que
Ao dar as costas, ao piscar de olhos, ela, para onde foi, por onde?
Mostrava-se outra, outra forma, diferente
Assim, todos, era-mos estrangeiros a cada instante
sem no entanto precisar mover-se
vendo um ponto, uma referência da anterior
Assustado e também fascinado com a nova
que mostrava-se. Vejo agora
ainda que vagamente
Como permaneci de tal modo congelado. Se elas sempre existiram,
O que teria sido antes? Existimos só quando vemos?
Exposto a força e as sensações das formas inevitáveis que eram essas novas imagens e tantas...até onde não é possível numerar.
II
Passando por uma de suas ruas, ou andando por ruas que supunha que conhecia.Ruas que se entrelaçavam em estreitos corredores com trechos confusos e entruncamentos como se fosse um parque de diversões sarcástico, de ironia incomum. Como gostaria de ter certeza de seu sadismo mas posto em tal situação, jamais poderia fazer esse tipo de julgamento. O sadismo como algo deliberado. Mesmo que, por si só, não seja muito tragável.
Esbarro em um enigma que só poderia ser inevitável se não fosse possível desaparecer como se desaparece nas Cidades.
Apesar que aparecer e desaparecer é uma lei que mantém o mecanismo de proximidade das Cidades ou de tudo que lhes diga respeito.Inclusive a bruma assombrosa. O temido castelo.
O enigma- ou o máximo que minha limitada inteligência poderia supor- ocultava-se na presença de três placas diferentes para a mesma rua em esquinas em torno a mim nas quais pendiam:
Uma no canto elevado de um muro envelhecido; outra na quina da parede ao lado da janela direita de uma casa entre blocos de rebocos que se desprendiam fáceis (ou seria uma igreja antiga abandonada?);e, por último, formando a tríade, pensa, inclinada como uma bandeira em um poste metálico.
Eis, respectivamente:
'Rua do povo'
'Rua do sagrado coração'
'Rua da consagração'
III
Segundo consta em registros guardados na administração local a rua do povo era a antiga 'rua dos gentios', a rua sagrado coração era a antiga 'rua dos sagrifícios' e a rua da consagração era a então famosa 'rua das armas'.
E este escritório só guardava registros de apenas três décadas. Havia sim um outro escritório onde caixas e mais caixas, fichários e mais fichários eram empilhados e nomes a respeito dessas localidades aos milhares eram devorados pelas traças e fungos. Por outro lado, diversos restauradores trabalhavam sem cessar. Ou seja, havia um imenso depósito de documentos históricos armazenados da mesma forma, incessantemente e quase que também instantaneamente eram trazidos novos. E, claro, o que o trabalho não dava conta ficava por isso mesmo. Enfim, essa genealogia dos nomes das ruas iam se antecedendo numa certa contiguidade ou mesmo similaridade que refletia os processos de tranformação daquela, ainda que não tenha nome pra isso deveria chamar de 'realidade' ou criar um novo nome como 'maleabilidade', 'mobilidade', etc. Não haveria santo que aquentasse tanta anomalia-anomaliabilidade inestotável-inesgotabilidade. Do mesmo modo, o nome da cidade seguia o mesmo padrão na qualidade de ser cidade acrescido de um, digamos, pós-sufixo posterior ao nome 'inst' que significava não mais que aquele instante: sãopalabilidade-inst,novaiorqueabilidade-inst,recifabilidade-inst, buenosairiabilidade-inst, que iam se sucedendo sem fim. Isso era só um exemplo aleatório na maior parte das vezes as cidadebilidades que se me apresentavam me eram desconhecidas. A única coisa que era única era não sê-lo, ou seja, havia sim uma unicabilidade-inst e só.
Como se a placa informasse mas omitindo por excesso onde o único interessado era eu. Pois bem, a parte as aspas que era um verdadeiro inferno pois ressaltava, em alguns casos, o mais vazio dos vazios em algo supostamente contendo alguma coisa crucial. Esse tipo de tergirversação só servia para acalmar um pouco o clima. Uma certa sensibilidade onírica, de sonho bom que dá medo. Dadas as circunstâncias a importâcia que isso tudo significava era pra lá de relativo, pra não dizer duvidosa. Por quê? Porque tudo era muito inusitado e uma grande surpresa. Voltemos às placas de novo.
Como eram nomes importantes! pensei aqui comigo. Era tudo que precisava. Irônico. Além do mais, alguma força sugestiva interior fazia-me referir-se a elas ou a tudo sempre no passado. Mas no fundo como peixe fora d’água, eu queria o presente. Só faltava criar uma “moral da história” completamente involuntária com isso tudo. O que seria imperdoável na altura desse campeonato. Montei um esquema para me concentrar nas palavras principais(ver esquema 1,no final). Pelo menos o que parecia ser o mais importante, o esteio. Enquanto lia as ruas desapareciam e os sinais desapareciam como vagões de um trem em movimento. Pareceu-me irrisório, pelo óbvio. Isso era cômico, era um riso nervoso como no rosto daquelas crianças que chora-mas-não-chora em espasmos). Ignorei a aparente simplicidade inst. Vejamos:
- A Cidade era fluida e mutante assim não havia necessidade de nomes, nem de ruas com nomes, sendo assim qualquer uma seria a sua e ainda que se tivesse um mome de rua preestabelecido de nada adiantaria;
- Eram caminhos curvos e turvos que se encontravam num novo conceito de rua, num novo conceito de cidade, de vida nova;
- Não havia, absolutamente, necessidades de placas num ambiente instável;portanto várias e nenhuma dava no mesmo;
- o fato de as ruas estarem juntas naquele momento não queriam dizer que foram criadas daquela forma e que estavam naquela posição por pura casualidade e minha presença não era menos casual;
- o fato de o nome da minha rua não servir como um indicativo de orientação talvez fosse o mais genial, absurdo e extraordinário que poderia supor;
- é como se fosse um ‘eu te decifro devorando’ ou ‘te devoro decifrando’, etc. “eu” ai era a mensagem. Como um megafone se esgoelando pelas ruas EU...EU. Que todo mundo vende e compra sem saber quem era.
- Uma pergunta não formulada ou latente que tornava o ar pesado
e sufocante pressão de cima pra baixo.
A partir daqui as coisas começam a ficar mais complicadas para um indivíduo de saber mediano, complexado com os descaminhos as quais não levavam ao centro. Centro, centro, centro de alguma coisa: da molécula, da cidade, do universo, do saber respondido como quando se pergunta a um oráculo, como uma entidade boa esfíngeca.
E tudo isso era um sentimento. O centro era uma grande bobagem e nesse caso muito mais. Por que cargas d'águas o centro nos atrai? Por que essa força quase magnética que nos impele a querer sempre convergir para o centro. Procurá-lo como se fosse o criador. O obelisco reverenciável.
A partir daqui, então, duas coisas poderiam ficar esclarecidas : quem era eu e o que era a cidade. Ou ainda quem será eu ou quem será a cidade daqui a qualquer instante. Mas nada que se pudesse dissecar como se fazia na antigüidade parte por parte. compreender deveria ser algo como os ultra-som, raio-x, infravermelhos, etc., aparelhos que conseguem ver além e através.Uma memória com hiper gigabytes alocados.
Uma música tocava em um radinho próximo. O mal-estar era vertiginoso. Tonteia pião. E era preciso ter sorte por acreditar que tudo ainda não era insanidade irrecuperável. Tonteia pião. Ou não estava disposto a nem comprar nem vender barato essa impressão ou imagem ou ilusão de algo ou de um ser eu ou esse outro que também era ou será um eu por ai a qualquer momento.Um eu por ai. Que era imagem e que queria ser mais.
IV
Havia enigma ou não havia enigma isso em nada mudaria minha qualidade de ser espectador e não Cidade, por exemplo. Na qualidade de representação, informação, etc., me pareceu ser interessante ser ou ter um enigma onde poderíamos nos encontrar e fazer relações. As placas indicavam a mesma rua ou era um código recente onde apenas meia dúzia de pessoas conhecia. As ruas eram objetivas como qualidades que lhe são próprias, ou subjetivas e não funcionam para todos apenas para quem as fez? As três possibilidades de escolha eram iguais ou duas delas eram armadilhas ou simplesmente foram colocadas por engano por mecanismos que geram o parecer ou destoar a morte e renascimento nas Cidades, como uma falha no sistema ou estamos diante do que poderíamos chamar de cinismo despropositado ou superpropositado de um ser qualquer onipotente e ignorado e inacessível).Veja só, algo que impressiona pela grandiosidade da força talvez, da obra, não seja nem grande nem forte e apenas um mecanismo indiferente. Como funções entre engrenagens pequenas e grandes onde não há qualidade de grandeza e força.(essas minhas ferramentas são realmente simples)
V
Apesar de evitar demonstrações do tipo rua é isso ou aquilo outro, a impressão era que apresentava-se diante de mim uma contradição. Me parece um jogo eterno e infinito entre tempo e espaço, o distinto e o indistinto. Claro, e tudo que pensava saber sobre isso. Palavras, palavras. Que diz respeito não apenas a Cidade e as ruas. Jamais descobriria a semelhança ou diferença das placas, placas e ruas, ruas e cidades anteriores, por exemplo (seria difícil ),etc.,etc.,etc. Uma arqueologia desacreditada.
VI
Enquanto hesitava as ruas desapareceram. Um cego se interpôs a minha frente e apalpava lentamente com um bastão. Me parece que ele havia encontrado um modo de agir e interagir com as imagens que se lhe apresentavam. Nele há uma entrega sensível-sensibilidade inst. É claro, a dúvida não é tateável e ele terá as suas a seu modo. Pediu informações para mim sobre as 'nuvens assombrossas'. O que poderia dizer...disse-lhe que tomasse cuidado e que se procurasse pelo castelo, ou pelo sorriso delicado, ou por qualquer outra coisa também seriam possibilidades válidas e talvez o ajudassem a encontrá-la.
As vezes, fecho os olhos enquanto existem por ai planetas que se transformam, de gás à massa e isso não é menos surpreendente. Enquanto pretendo simplesmente o afrontamento do sensível. Parece tão pouco.
Pensei em ignorar a cidade que se transformava. As casas e prédios que mudavam de fachadas e de cores como em um caleidoscópio.
Conheci pessoas por minutos ou segundos. Acontecia de estar conversando com uma e outra reclamar por não compreender o que estava sendo dito.
A cidade era-me estranha por motivos que desconhecia. Andava tomando a forma do mundo, andando por ruas que tomavam a forma de uma ponte ou de uma viela úmida ou um caminho de pegadas em areia no deserto. Ela não tem limite. Nem profundidade que possa ser medida. Sou raso.
Decididamente, estacionei em frente a uma imagem para certificar-me em quantas formas ela seria capaz de mudar nos momentos seguintes.
E vi por último uma estrela morrendo
Em cada coisa que não fui e em tudo que pensei ter sido
E por último um piscar de olhos
E um som de estrela caindo
Foi assim ter por último o próprio fim
Que foi tão presente quão ter surgido
Sem saber de onde.
Senti medo, calei, sim como animal acuado.
Se fiz por medo
Medo de sucumbir a minha própria invenção.
Invenção de mim mesmo
A imobilidade era um sinônimo de angústia
Mas a mobilidade, essa...Aahh!
Uma rocha que se desmancha feito nuvens.
esquema 1( disposição onde as placas estavam dependuradas no instante específico)
bandeira